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Lançamento de ’69 apontamentos’

No dia 30 de Novembro às 19h, na Livraria Snob, o meu livro de artista ’69 apontamentos’ será apresentado por Henrique Manuel Bento Fialho e Sara Rocio.
 
O livro resulta de uma série verbo-visual que fui enviando para o blog Insónia do Henrique entre 2006-2008. A Maquete do livro é da autoria da Sara Rocio e foram editados 50 exemplares assinados. O livro mantém o espírito de um bloco de apontamentos com capa em Craft mede 10,5×16,5cm, e é composto por 72 folhas desdobráveis.
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Gatos #1: Lua 2020

29-6-2020: Lua (2002-2020), tem um nome que veio do céu, disse-me um dia uma criança que, entretanto, cresceu. A lua cresce no céu e ilumina a noite quando está cheia para depois diminuir e mergulhar na escuridão da lua nova e voltar a crescer. A Lua estava a diminuir, ultimamente passava mais tempo no mundo dos sonhos, pouco na terra. Talvez por isso a desenhei tanto nos últimos meses. Observava-a e imaginava a encontrar o seu amigo Sunny durante o sono, gato amarelo com o qual jogava às escondidas e à apanhada. Era uma alegria quando estavam juntos. Hoje mergulhou na noite escura, a Lua nova sonhadora. A siamesa com nome que veio do céu foi o meu anjo na terra. Lua anjo que viverá sempre no meu coração. Agora só nos vamos encontrar no misterioso mundo da memória e dos sonhos.

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Da Natureza (2009)

A história da minha colaboração na antologia ‘Da Natureza’ foi inesquecível. A antologia foi organizada por Sara Monteiro em 2009 e editada pela Fundação de Odemira.  Conhecia a Sara das suas colaborações na Big Ode, também tínhamos publicado em antologias de Micro-ficção. Para ‘Da Natureza’ enviei-lhe um conto mais extenso que o habitual. Escrevi uma ficção sobre uma cantora lírica, que estabelecia um diálogo interior com a paisagem alentejana, ao rumar de carro em direcção ao sul. deste modo,  também era uma viagem na sua memória e terminava na infância. A Sara sabia que sou alentejana e pensou que era um relato autobiográfico. Por isso, lembrou-se que eu poderia dar boleia a partir de Lisboa ao Rui Costa, meu compagnon de route no blog Insónia do Henrique Manuel Bento Fialho e também da revista Big Ode. Quando havia lançamentos da revista no Gato Vadio, onde nos encontrávamos com vários autores do Porto, o Rui era o nosso cicerone na vida nocturna. Para o lançamento da antologia em Odemira, depois de informar a Sara que não tenho carta de condução, apanhamos boleia com a Risoleta C. Pinto Pedro. O ponto de encontro foi a António Arroio onde a Risoleta era professora de português. Fui aluna nesta escola de arte, não ia lá desde 1987, foi um local intenso de descobertas na juventude. Quando cheguei à porta, ao ver o grafitti AMO-TE, com o piloto automático puxei de um cigarro. Veio logo um funcionário dizer que era proibido fumar, respondi que estava ao ar livre, o segurança mandou-me sair da escola. Tive de fumar fora do portão da entrada, a recordar o mundo diferente onde vivi. Na minha juventude existia a alameda das ganzas no interior da António Arroio, um corredor na cave onde partilhava charros com a professora de desenho e não só. Depois apareceu o Rui Costa e fomos de carro guiados pela Risoleta em direção a Odemira. O Rui era excelente contador de histórias, relatou-me no caminho um namorico na adolescência com uma miúda de Évora: conheceram-se em férias no Algarve e quando o Pai dela os apanhou aos beijinhos, deu-lhe um estalo à sua frente dele, o que o deixou estupefacto. O Rui era um espírito livre e entendia bem a repressão da sociedade tacanha portuguesa. Tive sorte com a família que me calhou na rifa, isso nunca me aconteceu, mas conheço histórias violentas e horríveis da cidade branca das muralhas, nem me quero lembrar da adolescência que tive em Évora. Tenho imensas saudades do Rui, partiu cedo demais. Voltando ao encontro em Odemira, foi um óptimo convívio com os autores, lembro-me que me chamaram escritora e me deu uma enorme vontade de rir. O conto da antologia era escrita de pintora, funcionava como uma sequência de imagens. Lembro-me de explicar à Sara que era auto-ficcional, o que havia de auto-biográfico era o final: em criança, segundo relatos dos meus irmãos, acreditava que o eco era uma pessoa real que estava escondida a repetir o que dizia. O conto era uma história inventada a partir desta verdade, com base em histórias que conheço bem, não deixa de ser também mentira. Para pregar uma boa mentira ou escrever um conto, tem de haver verosimilhança (Diderot), um fundo de verdade na narrativa que se constrói. Vou estar sempre grata à Sara Monteiro ter-me desafiado a publicar nesta antologia por guardar na memória a vivência, a partilha com enorme carinho.

Podem ler o conto incluido nesta antologia aqui

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Big Ode #3 (Nov 2007-Fev 2008)

A ‘Big Ode #3’ (Nov 2007- Fev 2008), grande aventura do Rodrigo Miragaia, também com Sara Rocio foi dedicada à Fusão. Nas suas páginas publiquei prosas poéticas em diálogo com imagens. Recordo o lançamento em Almada, fui de boleia com amigos e andamos de noite a chover às voltas até encontrarmos o local. Foi um encontro entre artistas e poetas como todos os lançamentos da revista, onde também partilhamos os textos publicados oralmente: li o ‘Tango’ e não foi nada fácil, passei a treinar as leituras antes de qualquer apresentação em público. É mais difícil ler um texto que escrevemos em público, porque o conhecemos, do que um texto de outro autor. Podem ler o ‘Tango’ aqui.

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Micro-Ficções 2007

Em 2007 fui incluida na antologia ‘Contos de algibeira’, organizada por Laís Chaffe, Casa Verde, Porto Alegre (Brasil). No ano seguinte participei na ‘Primeira Antologia de Micro-ficção Portuguesa’ (2008) organizada por André Sebastião e Rui Costa, Exodus, Vila Nova de Gaia. Publiquei em ambas as antologias devido a colaborar no Blog Insónia do Henrique Manuel Bento Fialho, autor do prefácio da antologia portuguesa, e onde o poeta Rui Costa também era compagnon de route. Nos ‘Contos de Algibeira’ publiquei um texto em homenagem à gata Lua, com vista à sua internacionalização. Recordo o lançamento em Lisboa ser no Frágil, abriram o espaço de propósito num fim de tarde para o evento, não entrava lá desde os anos noventa. Na ‘Primeira Antologia de Micro-ficção Portuguesa’ foram publicadas algumas prosas diarísticas postadas no Blog do Henrique e não me recordo de ir a lançamento. O registo da micro-ficção estava bastante presente na blogosfera, no período em que os blogs andavam em alta, talvez por se adaptar ao próprio formato das páginas virtuais da altura.