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Caderno de desenho (2007)

Como já tinha referido anteriormente, na Big Ode #1 (Março 2007) o Rodrigo Miragaia publicou um texto a acompanhar imagens dos meus livros a preto e branco.  Deixo aqui o texto:

Caderno de desenho

Os cadernos de desenho são objetos. Contêm memória. Contêm tempo. Neles podem ficar registadas as nossas impressões e os nossos reflexos mais ou menos espontâneos. Podem ser o local ou o registo mais primário, depois da nossa própria mente, porque não tem que ter o caráter expositivo que têm outro tipo de atividades ou comportamentos (artísticos ou não) que nos trazem outro tipo de compromissos. Os cadernos de desenho correspondem ao momento em que transformamos as sensações em significados, ao momento em que traduzimos as ideias em símbolos ao momento em que fazemos opções. É nele que se escreve, desenha, pinta ou cola a nossa história. Uma identidade possível.

Diário de viagem, diário de bordo, caderno de esboços, livro de memórias. Se muitas vezes os cadernos de desenho servem apenas como meio para atingir um fim, noutras eles servem um fim em si. Existem palavras e imagens soltas que não têm outro lugar senão num caderno. Mas, pensando, sentindo e registando dedicadamente, existem autores que transformam os seus diários em obras plásticas, com forte sentido estético, coerência e carga emotiva. Obras plenas de histórias, sensações e génio.

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Big Ode #2, 2007

A ‘Big Ode #2: Poesia e Imagem’ (Julho 2007) foi uma edição especial em forma de caixa e teve 150 exemplares. Com o tema ‘A Viagem’ os autores participaram enviando material em suportes diversos e incluiu um CD dos Ventilan, gravado em estúdio pelo Fernando Gomes. Recordo bem o lançamento na recém-inaugurada Fábrica de Braço-de-Prata, na altura as minhas esculturas ‘Babilónias’ estavam expostas numa parede na Sala Deleuze. Houve concerto dos Ventilan, onde fiz uma breve introdução: reencarnei na maravilhosa Mrs Florence Foster Jenkins em playback, fui vestida a rigor com asas de anjo e o som esteve a cargo do Luis Germano. Depois o Nuno Moura leu muito bem Boris Vian (aliás, foi uma tradução em português de ‘Je Suis Snob’) e o concerto teve como ponto alto a leitura de ‘A poesia dá dinheiro a Portugal’ com o Henrique Manuel Bento Fialho a dar tudo na guitarra. Além dos Ventilan, lembro-me de estarem lá a Margarida Chambel , o Miguel Rodrigues,  a Raquel Coelho, a Sara Franco, o Tiago Veiga, e não só. Como também houve concerto dos irmãos catita noutra sala, às tantas o Manuel João Vieira de viola em punho dedicou uma serenata à Sara Rocio. Não sei como o Henrique Matos, que se passeava com a capa de um single do Demis Russos a tira colo, convenceu o Manuel João a ir para o palco tocar piano e começou no microfone a dizer um longo poema do Tiago Veiga. Ele tinha apenas um papelinho tipo cábula na mão e como estava a fumar, colocou o cinzeiro no topo da careca. A Sara ao fundo da sala preocupada fazia gestos para ele não deixar cair o cinzeiro, volta e meia ele deitava lá cinza, sem parar de dizer o poema e aguentou-se até ao fim. Já às tantas da manhã, o Fernando Gomes brindou-nos com Piazzola no piano, outra surpresa inesquecível. Obrigada por esta viagem na memória Rodrigo, foi muito bom voltar a abrir a caixa do número 2 da bigode.

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Big Ode #1, 2007

Na Big Ode #1: poesia e imagem (Março de 2007), o projecto aventura de Rodrigo Miragaia surgia com assistência minha e da Sara Rocio, e tinha mais de metade do tamanho do anterior número. Nas suas páginas o Rodrigo expôs fotografias dos meus livros-objectos acompanhados de um texto sobre cadernos de desenho. Eu colaborei com uma entrevista ao poeta experimental César Figueiredo, cuja obra se destaca na poética verbo-visual contemporânea, também por usar peculiares processos criativos. Publiquei ainda um texto sobre as suas Worm Prodution´s, originais edições que seguem o espírito das interdisciplinares fluxkits, utilizando o potencial da copy-art aliada também à apropriação de objectos na criação de múltiplos.

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Big Ode #0, 2006

A revista Big Ode foi uma grande aventura do Rodrigo Miragaia partilhada também com a Sara Rocio , amigos do coração e artistas que muito admiro. Tenho excelentes memórias desta aventura. Sendo uma revista de poesia e imagem, apresentou diálogos e cruzamentos de várias expressões artísticas em formatos variáveis, e nesse sentido marcou uma diferença nas publicações do início do século XXI no nosso país. A revista surgiu num período em que os blogs estavam em alta e nas suas páginas estrearam-se blogers que mais tarde publicaram livros de poesia ou criaram editoras independentes, aparecendo ao lado de poetas e artistas mais experientes, mas sempre com um espírito experimental. Este exemplar de estreia era em tamanho A3 e os que se seguiram nunca repetiram este formato.