No verão de 1994, participei num projecto de Eurico Lino do Vale intitulado “Retratos de Rua”, integrado na LIS’94- Lisboa Capital da Cultura Europeia. Para tal, pintei um cenário a partir de “O fado” de Malhoa, onde as pessoas podiam tornar-se os personagens do quadro. O Eurico registava-os em polaroides, com uma técnica fantástica em que a polaroides era impressa em papel, sendo o resultado final muito pictórico. As polaroides eram vendidas quem se fazia retratar, no momento em que eram tiradas e impressas. Estivemos a maior parte do tempo à porta do Centro Cultural de Belém, e os transeuntes reagiam bem ao desafio. Lembro-me que o cenário ficava guardado no CCB, íamos todos os dias para lá numa Vespa, descíamos a ladeira para a porta dos artistas de mota, depois carregávamos o cenário e o material e lá íamos para a porta de entrada. Eu trajava uma saia comprida estilo Severa e o Eurico estava sempre catita, com um colete e porte de fotógrafo de outra época. Foi uma das experiências mais divertidas que tive nestas coisas da criatividade.
Etiqueta: Fotografia
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